maio 20, 2005

Novo livro de Ana Teresa Pereira

Está previsto que o novo livro de Ana Teresa Pereira, O Sentido da Neve, saia dia 7 de Junho, isto segundo a editora.
A capa oficial é esta



sobre o mesmo quadro de Monet que sugeri aqui.


maio 09, 2005

As lágrimas das coisas

Íris Murdoch é pretexto para uma bela história de amor
por Helena Barbas
suplemento Actual do jornal Expresso de 14 de Janeiro de 2005

Neste novo romance, Ana Teresa Pereira dá largas à sua paixão por Íris Murdoch. A história passa-se em Inglaterra, começa na neve de um Inverno, e as personagens são inglesas – de nacionalidade, modo de vida e idiossincrasias. Mas desenreda-se muito à maneira da escritora portuguesa, numa linguagem encantatória e envolvente.
Murdoch e a sua obra desdobram-se em muitos “leitmotives” sobre os quais o texto se vai construindo. Outros são logo dados no primeiro capítulo: “Talvez seja possível amar uma mulher por causa de um livro, de um poema sublinhado, de um filme a preto e branco, de uma casa, do olhar de um homem quando fala dela, da forma como o seu cão a espera. Da reprodução de um Mondrian na parede da sala.” São palavras atribuíveis ao herói, Byrne, um filósofo de Oxford a escrever um livro sobre Íris, que vai sendo seduzido pelos rastos deixados pela sua senhoria ausente – a aristocrata arruinada e pintora Ashley. Os títulos dos livros de Murdoch equivalem-se às frases deles retiradas, metáforas que se transformam em pistas e caracterizações: “Gabriel era uma das muitas personagens de Íris que se identificavam com tudo, que tinham consciência das “lágrimas das coisas”, e por esse motivo sentiam uma dor quase insuportável. “ Aqui a dor é surda. Nasceu das mortes e separações impostas pela vida. Insinua-se através dos objectos, das associações implícitas entre estes e os momentos de felicidade que testemunharam: uma reprodução de Mondrian na parede, uma toalha de quadrados vermelhos na mesa da cozinha. Por esta via tornam-se paradoxais.: são memória de sofrimentos enquanto marcos da ausência, mas a sua existência basta para que se possam reproduzir outros (os mesmos) momentos de felicidade – novos encontros que são sempre reencontros. Byrne é amado por Rose, Ed ama Ashley que amou e foi amada por Tom. O encontro entre Ashley e Byrne vem contaminado pelo passado de ambos, dando-lhe uma continuidade confirmada por afinidades electivas. As personagens decalcam-se umas nas outras, re-colando-se sobre os mesmos espaços, diante dos mesmos objectos. Estes tornam-se adereços de um cenário em que o drama amoroso pode ser reencenado com a mesma intensidade por actores diferentes. A narrativa tece-se assim da acumulação de repetições, até do mesmo acontecimento de várias perspectivas. Elementos que contribuem para o fabrico não de um puzzle, mais de um mosaico bizantino.

maio 06, 2005

O Sentido da Neve #2

Uma nova proposta para a capa do livro O Sentido da Neve, a sair em breve, desta vez pelo Pedro numa variação sobre um quadro de Mondrian.


maio 05, 2005

O Sentido da Neve

O livro que reúne as últimas crónicas de Ana Teresa Pereira no suplemento MilFolhas, do jornal público, teve edição prevista para Fevereiro de 2005, como informei aqui
Após sucessivos atrasos, sem explicação por parte da editora, recebi agora a informação, também da parte da editora, de que O livro "O Sentido da Neve" de Ana Teresa Pereira sairá em breve. Esperemos que o breve seja o mesmo para nós e para eles, ou seja um período de tempo curto ou pequeno.

Entretanto deixo aqui uma sugestão para a capa do livro, numa variação sobre o The Magpie, de Claude Monet (o primeiro livro de crónicas tinha na capa um outro quadro de Monet). Não é a capa oficial, apenas uma sugestão minha.

O Amor

Lembrei-me de Dolly e de "A Harpa de Ervas" de Truman Capote ao ler um poema de Rupert Brooke, "The Great Lover", em que ele fala do que amou: a côdea do pão amigo; os arco-íris; o fumo azul e amargo da madeira; as gotas de água aninhadas nas flores frescas; o cheiro bom das roupas velhas; a frescura dos lençóis; a gravidade fria do ferro; as areias firmes; as pedras lavadas pela água do mar; as pegadas no orvalho; o sono; os lugares altos; os carvalhos; as poças de água na erva. Rupert Brooke morreu aos vinte e oito anos. Era um dos poetas preferidos de Iris Murdoch, o que é natural, o universo é o mesmo. O poema termina com as palavras: "say, 'He loved'", o que pode ser um bom epitáfio para ambos. "Ele (ela) amou".

da crónica O Amor, Agosto de 2001, O Ponto de Vista dos Demónios, Relógio D'Água, 2002

Um excerto do poema de Rupert Brooke:

These I have loved:
White plates and cups, clean-gleaming,
Ringed with blue lines; and feathery, faery dust;
Wet roofs, beneath the lamp-light; the strong crust
Of friendly bread; and many-tasting food;
Rainbows; and the blue bitter smoke of wood;
And radiant raindrops couching in cool flowers;
And flowers themselves, that sway through sunny hours,
Dreaming of moths that drink them under the moon;
Then, the cool kindliness of sheets, that soon
Smooth away trouble; and the rough male kiss
Of blankets; grainy wood; live hair that is
Shining and free; blue-massing clouds; the keen
Unpassioned beauty of a great machine;
The benison of hot water; furs to touch;
The good smell of old clothes; and other such -
The comfortable smell of friendly fingers,
Hair's fragrance, and the musty reek that lingers
About dead leaves and last year's ferns. . . .
Dear names,
And thousand other throng to me! Royal flames;
Sweet water's dimpling laugh from tap or spring;
Holes in the ground; and voices that do sing;
Voices in laughter, too; and body's pain,
Soon turned to peace; and the deep-panting train;
Firm sands; the little dulling edge of foam
That browns and dwindles as the wave goes home;
And washen stones, gay for an hour; the cold
Graveness of iron; moist black earthen mould;
Sleep; and high places; footprints in the dew;
And oaks; and brown horse-chestnuts, glossy-new;
And new-peeled sticks; and shining pools on grass; -
All these have been my loves.

Completo aqui


maio 03, 2005

O regresso

No passado dia 24 de Abril fez um ano exacto desde que a rubrica A Quatro Mãos deixou de aparecer nas páginas do suplemento Mil Folhas, do jornal Público. Nessa altura o editor escrevia: A escritora Ana Teresa Pereira, ocupada com a escrita do seu próximo romance, fará também uma pausa na sua colaboração com o Mil Folhas.
Um ano depois, e com o tal romance nas livrarias desde Novembro último, sem que se conheçam planos de um novo, pensamos que já era altura de retomar a colaboração. É só uma ideia, para que a pausa não se transforme numa paragem definitiva.
Abril é o mês mais doce, diz a escritora. Maio bem que podia ser o do regresso.

E por falar em regresso, para quando o novo livro de crónicas?