agosto 11, 2004

Actualizações

Descobri este texto, por acaso, quando lia os arquivos da Grande Loja. Fica aqui o link directo.

E, já agora, fica também um link para o arquivo de literatura do papalagui.

agosto 09, 2004

She looked like me, only she had green eyes.

O filme de Robert Zemeckis 'What Lies Beneath' (A verdade escondida) é sobre rosto de Michelle Pfeiffer.
'(...) nunca esteve tão bela, uma beleza de ossos e veias, desprovida de carne, o seu corpo ligado à casa, pelos movimentos que fazem abrir portas e cair objectos, pela sua imagem mil vezes reflectida, pelas cores da roupa (...)'



E é sobre Claire e Norman, como antes foi sobre Ingrid e Cary. É sobre frases que se dizem e que se pressentem: 'There's a ghost in my house'; 'She looked like me, only she had green eyes'; 'I know'. Eu sei.
'Mas ela sente-se sozinha, e da sua solidão nascem sombras, ecos, quando faz amor alguém faz amor na casa ao lado, quando chora no jardim alguém chora do outro lado da cerca'.
De novo o jogo dos duplos que são sempre só um.
'Neste filme só há uma mulher. Isso é dado logo nos primeiros segundos, quando o rosto da morta se transforma no de Michelle na banheira, no momento em que ela descobre a identidade da jovem desaparecida (Madison Elizabeth. M.E, Me), quando vê o colar na foto e leva a mão ao pescoço, como se recordasse. Nalgumas linguagens primitivas a mesma palavra designava a alma, a sombra, o eco, a imagem do corpo na água. Aquela mulher perdeu a alma há muitos anos, e ela persegue-a em todas as suas formas.'



E o filme é também sobre os sonhos. Ou talvez não.
'O fantasma continua com ela no momento em que abandona o cemitário, o rosto que se forma na neve no último dos últimos segundos do filme...
Ou talvez eu tenha sonhado.'

What Lies Beneath (A verdade escondida), Robert Zemeckis, 2000
com Michelle Pfeiffer e Harrison Ford

Exibido ontem, dia 08-08-2004, na SIC.

Excertos da crónica 'A água e o fogo' de Ana Teresa Pereira, publicada no suplemento Mil Folhas, do jornal Público em Outubro de 2000, e posteriormente editada no livro O Ponto de Vista dos Demónios, Relógio D'Água, 2002

Mais fotos do filme aqui

agosto 05, 2004

Selecção de contos de uma das autoras mais interessantes da narrativa portuguesa

por Sara Figueiredo Costa, publicado em www.canaldelivros.com

No âmbito da colecção 'Contos', a Relógio d'Água edita agora uma parcela significativa da obra de Ana Teresa Pereira. O volume reúne textos já publicados em diversos livros da autora e ainda dois contos editados nas revistas Bíblia e Invista. Aparentemente, a dispersão da origem dos contos aqui reunidos levar-nos-ia a esperar uma simples antologia, sem nenhum elemento a traçar uma linha comum entre os diferentes momentos. Ora, tratando-se de Ana Teresa Pereira, a ausência dessa linha comum constitui, em absoluto, uma impossibilidade, e o resultado final é uma antologia muitíssimo recomendável para uma aproximação consistente ao trabalho da autora de uma das obras mais interessantes da narrativa portuguesa contemporânea.
Cada um dos contos de Ana Teresa Pereira desencadeia de modo constante a possibilidade de uma leitura cruzada, jogando com as referências e os elementos presentes nos outros contos e construindo uma teia de significações que funciona como um espelho, movendo-se a cada momento para permitir a leitura de situações e personagens de um outro ângulo, sempre mais inesperado do que o do conto anterior.
As personagens são recorrentes, embora em cada texto assumam uma outra forma de recriar o seu próprio passado, deixando à narrativa o trabalho de lhes desenhar o espaço onde se movem e o modo como se precipitam para o seu destino individual. Por outro lado, a recorrência é também uma realidade no que aos elementos espácio-temporais diz respeito: a antiguidade das casas, a presença de torres, labirintos e jardins obscuros ou a constância de memórias fortes e intangíveis são disso exemplo claro. Ora, estas duas características, estruturais, fazem da colectânea em questão um exercício de leitura fora do comum no que a uma antologia diz respeito, permitindo um percurso fragmentário mas necessariamente global pelo conjunto dos contos e conferindo a este livro uma unidade forte e inesperada num volume de dispersos.Para além dos vários níveis de recorrência já referidos, uma outra característica percorre os contos de Ana Teresa Pereira. As referências ao cinema, à literatura, à música e às artes em geral situam-se num plano de intimidade com o texto que faz delas elementos narrativos imprescindíveis para a compreensão do que se lê. A linguagem cinematográfica, por exemplo, pode mesmo ser considerada como inerente à forma de escrever de Ana Teresa Pereira nestes contos, na medida em que podemos definir planos ao nível da descrição de situações e em que conseguimos aperceber-nos de temas e topoi característicos de diferentes cinematografias. É o caso da linguagem poética para além da técnica, como em Tarkovsky, ou das ideias inerentes à construção de outras 'personas' ou de um 'duplo', como em David Lynch ou, de um modo diferente, em Hitchcock: "Tom dissera que The Crying Game era uma versão de Vertigo de Hitchcock (mencionara quase a medo as cenas
repetidas, os nomes das personagens que se ligavam entre si). A história de um homem que tenta reconstruir uma imagem, que força alguém a transformar-se numa outra pessoa, para sempre." (pg. 218)
Como se o ofício da escrita engendrasse memórias, umas reais, outras dolorosamente forjadas, os contos de Ana Teresa Pereira situam-se num universo onde o perceptível não equivale ao real (sendo este uma categoria difícil de delimitar no trabalho narrativo da autora), e onde cada pessoa se desdobra entre a imagem que pensou ter e a imagem que nunca alcançará, num jogo de diferentes perspectivas em que o trabalho da linguagem se define como uma constante construção de imagens e labirintos, nem sempre com necessidade de saída.



Referências do livro Matar a Imagem, 1989 - em actualização

Com este post pretendo iniciar uma série sobre as referências, ou links, que a Ana deixou na sua obra de estreia, Matar a Imagem, Editorial Caminho, 1989. Apenas isso, referências, sem mais considerações.

Comecemos pelo principio:

A referência deste livro é uma citação do Hamlet de William Shakespeare. Fica aqui o excerto da conversa entre Rosencrantz, Guildenstern e Hamlet e o excerto da referência do livro, a bold. Fica também o link para o e-book, via Projecto Gutenberg.


Ros. - Why, then your ambition makes it one. 'Tis too narrow for
your mind.
Ham. - O God, I could be bounded in a nutshell and count myself a
king of infinite space, were it not that I have bad dreams.
Guil. - Which dreams indeed are ambition; for the very substance
of the ambitious is merely the shadow of a dream.
Ham. - A dream itself is but a shadow.
Ros. - Truly, and I hold ambition of so airy and light a quality
that it is but a shadow's shadow.
Ham. - Then are our beggars bodies, and our monarchs and
outstretch'd heroes the beggars' shadows. Shall we to th' court? for, by
my fay, I cannot reason.
Both. - We'll wait upon you.
Ham. - No such matter! I will not sort you with the rest of my
servants; for, to speak to you like an honest man, I am most
dreadfully attended. But in the beaten way of friendship,
what make you at Elsinore?

e-book de Hamlet, William Shakespeare


Parte I
Capítulo I

- 'Woody Allen escrevera uma história com vampiros' - pág. 9 (não encontrei nenhuma referência a esta história...)

- Referência à Quinta Dimensão, programa de TV dos anos 80 (não consegui encontrar nada sobre esta série nas pequisas que fiz no google e no altavista; alguém sabe mais informações ou o nome original da série?)

- Leonard Cohen 'just take this longing from my tongue / and all the useless things my hands have done' - pág. 10

- 'tens vinte e sete anos e tudo o que tens é um monte de folhas na gaveta' - pág. 12

- A critica da razão pura - pág. 12 (Livro do filósofo Immanuel Kant que pode ser encontrado aqui em e-book e mais informações sobre o autor aqui e aqui.)

- O gosto solitário do orvalho - Matsuo Bashô - pág. 13



(Gosto Solitário do Orvalho seguido de Caminho Estreito (O)
BASHO, Matsuo
ASSÍRIO E ALVIM 1ª Edição de 2003
Documenta Poética
Páginas: 119 Peso: 200 gr. Formato: 15x20 cm
ISBN: 9723708248)




- Referência ao livro Do Assassínio como uma das Belas Artes, de Thomas De Quincey, em que ele afirma que Kant era uma múmia. - pág. 13
(Sobre este autor encontrei traduzido em português o referido livro:



Do Assassínio Como Uma das Belas Artes
QUINCEY, Thomas de
EDITORIAL ESTAMPA 2ª Edição de 1971
Livro B Nº: 3
Páginas: 124 Peso: 80 gr. Formato: 0011x0018
ISBN: 9723301946





Do mesmo autor encontrei ainda traduzidos em português:

Confissões de Um Opiómano Inglês
QUINCEY, Thomas de
CONTEXTO 1ª Edição de 1989
Contexto / Pequeno Formato Nº: 11
Páginas: 136 Peso: 140 gr. Formato: 0012x0019
ISBN: 972575073X

Judas Iscariotes
QUINCEY, Thomas de
& Etc - Edições Culturais do Subterrâneo, Ldª. 1ª Edição de 2003
Livros & etc
Páginas: 72 Peso: 150 gr. Formato: 16x17 cm
ISBN: 9728539592

Últimos Dias de Immanuel Kant (Os)
QUINCEY, Thomas de
RELÓGIO D ÁGUA 1ª Edição de 2003
Indicíos Nº: 3
Páginas: 92 Peso: 190 gr. Formato: 12x21 cm
ISBN: 9727087442

e esta página onde se pode obter mais informação sobre o autor. Na página do projecto gutenberg, fazendo pesquisa por Quincey, podem-se encontrar os seus livros para download.)


- Referência a vários livros e personagens - pág. 14:
Auguste Dupin em Paris
(Personagem de Edgar Allan Poe:
"the Western mystery, complete with all its conventions, emerged in 1841 when Edgar Allan Poe invented an amateur detective, the Chevalier Auguste Dupin. Poe also established the convention by which the brilliant intelligence of the detective is made to shine even more brightly through the comparative ingenuousness of his nameless American friend who tells the story. This convention stayed a fixed pattern for this genre.
C. Auguste Dupin appears in a trilogy whose
only constants are the Parisian setting:
The Murders in the Rue Morgue (1841),
The Mystery of Marie Roget (1842-1843),
The Purloined Letter (1844).

Mais informações
aqui, aqui e aqui
em português:
Contos Policiais
POE, Edgar Allan
GUIMARÃES EDITORES 1ª Edição de 2003
Formato Mais
Páginas: 184 Peso: 21 gr. Formato: 15x21 cm
ISBN: 9726654653)


Bill Bones o velho marinheiro de face queimada na hospedaria Almirante Benbow na Enseada do Monte Negro
(Referência ao livro A ilha do tesouro de Robert Louis Stevenson.
Informações aqui e e-book aqui)

The turn of the screw, Henry James (casa e o banco de pedra em frente do lago de águas agitadas.)
(Informações sobre o autor aqui e e-book aqui.)


-Referência ao romance Animal Farm, de George Orwell, em relação ao presidente do governo da ilha - pág.15

(Uma página sobre o autor onde se pode ler o livro, por capítulos, bem como resumos dos mesmos. Em português o livro está traduzido como:

Triunfo dos Porcos (O)
ORWELL, George
EUROPA-AMÉRICA 1ª Edição de 1996
Grandes Clássicos do Século X X Nº: 20
Páginas: 128 Peso: 155 gr. Formato: 14x21 cm
ISBN: 9721040983)


(continua)


agosto 03, 2004

Actualização

Novos links para textos sobre a autora, críticas a livros, recortes de imprensa etc.
As páginas sobre os livros também têm algumas alterações.
Mais novidades para breve.